Infelizmente, por mais cuidados que se tome a natureza não privilegia a todos. Mesmo o indivíduo que tem uma saúde clínica e hormonal perfeita, hábitos de vida corretos, uma dieta ideal e um estilo de vida impecável poderá ter contra ele a genética ou outros fatores negativos que provoquem golpes agressivos e até fatais à sua saúde reprodutiva. Mas, se isso acontecer, a ciência se incumbirá de proteger, defender ou devolver sua fertilidade, através de técnicas modernas de diagnósticos e tratamentos que deverão ser aplicados de acordo com cada caso. No final, tudo dará certo.
Para que o casal possa tomar uma decisão diante das opções de tratamento, é necessário que tenha a resposta para as seguintes perguntas:
Com remédios que corrigem distúrbios hormonais que estariam prejudicando a fertilidade (hormônios).
Para correção das alterações anatômicas dos órgãos reprodutores – por microcirurgia, videohisteroscopia e/ou videolaparoscopia (inclusive endometriose).
Indução da ovulação (coito programado), inseminação artificial e fertilização in vitro (ICSI).
Se a mulher não produzir óvulos.
Se o homem não produzir espermatozóides.
Embora todos estes tratamentos sejam importantes, será dada ênfase à REPRODUÇÃO ASSISTIDA.
A Reprodução Assistida consiste em um conjunto de técnicas laboratoriais, utilizadas pelos médicos e embriologistas, para promover a fecundação do óvulo pelo espermatozóide, quando ela não ocorre por meios naturais. Os procedimentos médicos na Fertilização Assistida são rigorosamente técnicos, lidam com equipamentos de alta precisão, tecnologia de ponta e uma equipe especializada.
A Reprodução Assistida pode ser classificada quanto à complexidade:
-Indução da Ovulação - Coito Programado, "Namoro" programado.
-Inseminação Artificial Intra-Uterina - (IAIU)
-FIV (Fertilização In Vitro convencional; Bebê de Proveta FIV-ET)
-ICSI (Injeção Intracitoplasmática de Espermatozóide)
Com todos os exames laboratoriais ultranormais, a paciente poderá ter sua ovulação induzida por medicamentos para que seja recrutado um maior número de óvulos naquele mês. O crescimento deles é acompanhado por ultra-sonografia seriada transvaginal até que os folículos atinjam um tamanho ideal (em sincronia com o endométrio - que é o tecido que reveste o interior do útero, onde ocorre a implantação do embrião).
Através do estímulo hormonal, os óvulos devem ter um crescimento progressivo e atingir um tamanho aproximado de 18 mm, e o endométrio, uma espessura superior a 7 mm. Atingido esse ponto ideal (o que geralmente ocorre ao redor do 12º ao 14º dia do ciclo), a ovulação é desencadeada 24 a 36 horas após a injeção de um medicamento adequado (hCG). A partir desse momento, o médico orientará a melhor época para as relações sexuais. Pelo maior número de óvulos disponíveis e pela certeza da época da ovulação, as chances de gravidez são substancialmente maiores quando comparadas ao ciclo espontâneo (sem medicação).
A chance de sucesso deste método é ao redor de 12 a 15% ao ciclo. Embora esta chance seja inferior aos 20% definidos para gravidez espontânea, conforme descrito no primeiro capítulo, deve-se lembrar que os casais em tratamento já possuem alguma dificuldade em engravidar. Por isso, esta taxa de sucesso é menor que a esperada quando a gravidez é obtida naturalmente em casais sem problemas.
A Inseminação Artificial, conhecida desde a Antiguidade, é um recurso terapêutico de grande valor no tratamento do casal infértil. As indicações dessa opção são baseadas na impossibilidade ou dificuldade do sêmen em alcançar o óvulo no aparelho genital da mulher (tubas), impedindo assim a fecundação. As candidatas a essa modalidade terapêutica são as pacientes que apresentam:
Importante: como a fertilização ocorre no ambiente natural, isto é, nas tubas, estas devem estar permeáveis.
Da mesma forma que no Coito Programado, os ovários são estimulados por hormônios com o objetivo de obter um maior número de óvulos recrutados. Estes óvulos também têm seu crescimento acompanhado ela ultra-sonografia até que atinjam um diâmetro aproximado de 18 mm, e o endométrio, uma espessura superior a 7 mm. A ovulação também é desencadeada no momento adequado por um medicamento. A diferença consiste, nas dosagens dos medicamentos utilizados para o estímulo ovariano e que, em vez das relações sexuais, os espermatozóides serão colocados dentro do útero.
A Inseminação Artificial é um procedimento relativamente simples. É realizada no consultório, sem anestesia, é indolor e não dura mais do que alguns minutos.
Com a paciente em posição ginecológica, o esperma é colocado dentro do útero, perto dos orifícios internos das tubas, através de um cateter delicado que transpassa a vagina e o canal cervical. Após a inseminação, a paciente deverá ficar em repouso no consultório por cerca de 20 minutos, a fim de que o sêmen alcance o interior das tubas e ocorra a fertilização.
Após esse período, poderá voltar às suas atividades cotidianas.
Os índices de sucesso da IAIU, em seguida à estimulação ovariana (superovulação), estão ao redor de 18 a 25% por ciclo, mas podem chegar a 50% depois de algumas tentativas.
Nos casos em que o parceiro masculino seja portador de distúrbios muito graves do esperma (azoospermia - falta total de espermatozóides), pode ser usado o esperma congelado de um doador anônimo, através dos Bancos de Sêmen.
Consiste na mais sofisticada e avançada de todas as técnicas de Fertilização Assistida. Para se realizar esta técnica (ou programa), a mulher recebe da mesma forma que nas técnicas anteriores, alguns hormônios, porém em maiores doses para se obter um maior número de óvulos recrutados. Também neste procedimento, os óvulos têm seu crescimento acompanhado pela ultra-sonografia até que atinjam um diâmetro aproximado de 18 mm e o endométrio, uma espessura superior a 7 mm. A paciente recebe uma última injeção (hCG) para terminar o amadurecimento dos óvulos, que são aspirados 35 horas após, através de uma agulha especial. Em seguida, são colocados em contato com espermatozóides (in vitro), permitindo a sua fecundação fora do corpo da mãe. Quando a quantidade de espermatozóides for pequena, utiliza-se a técnica da ICSI (Injeção Intracitoplasmática de Espermatozóide), que consiste na injeção de um espermatozóide dentro do óvulo. Os embriões são desenvolvidos inicialmente em laboratório, retornando ao útero onde continuam o crescimento até o dia do nascimento.
A chance de sucesso desta técnica pode chegar a até 55% em pacientes com menos de 35 anos.
A técnica é relativamente complexa e sua execução pode ser dividida em seis fases:
Consiste no bloqueio parcial do funcionamento dos ovários com medicação adequada. Com esta conduta é possível ter o controle da função ovariana, não havendo perigo de ocorrer ovulação fora do momento previsto.
Existem vários esquemas de medicação para estimular o crescimento de um maior número de óvulos. Havendo maior quantidade, têm-se mais embriões, podendo ser escolhidos os melhores e, conseqüentemente, aumentando as chances de gravidez. Esta fase dura de oito a doze dias e é acompanhada pelo ultra-som transvaginal e dosagens hormonais.
Em um ambiente cirúrgico e com sedação profunda, os óvulos são aspirados através de uma agulha acoplada ao ultra-som. Este processo é praticamente indolor e dura alguns minutos. Neste dia é realizada a coleta do sêmen do marido.
No laboratório, um embriologista experiente realiza a fertilização dos óvulos, que poderá ser espontânea ou pela técnica de ICSI (Injeção Intracitoplasmática do Espermatozóide). A decisão dependerá da quantidade e morfologia dos espermatozóides e do número de óvulos.
Dois a cinco dias após a fertilização, os embriões serão colocados no útero. Neste dia serão conhecidos os de melhor qualidade e, assim, o médico e o casal decidirão juntos quantos deles serão transferidos, número este que pode variar de um a quatro. A transferência é realizada com cateter flexível, sem anestesia, através da vagina; é indolor e semelhante ao desconforto do exame ginecológico.
Nesta fase são realizados exames de sangue que comprovam o equilíbrio hormonal. Caso haja necessidade, as doses poderão ser modificadas. O teste de gravidez é realizado onze dias após a transferência dos embriões.
A probabilidade de ocorrer um aborto, ou de um bebê com malformação é a mesma, tanto após a indução da ovulação como após a concepção natural. Os riscos existentes dependem da idade da mãe e de fatores genéticos. Se a paciente ficar grávida após este tratamento, não serão necessárias quaisquer medidas especiais; a gravidez será tratada exatamente como qualquer outra, o pré-natal é exatamente igual ao de uma gestação espontânea. O trabalho de parto e a amamentação não serão afetados de nenhuma maneira.
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