O número de homens e mulheres que desejam ter filhos em uma idade mais avançada vem aumentando nos últimos anos e com isso, cada vez mais aumenta o interesse pelo efeito do envelhecimento na capacidade de ter filhos. Segundo algumas publicações nos Estados Unidos, o número de mulheres que têm seu primeiro filho ao redor dos 20 anos diminuiu um terço desde 1970, ao passo que, na casa dos 30 ou 40, quadruplicou neste período. Na maioria das vezes e repetindo o texto já explicado no primeiro capítulo, isso se deve a incorporação da mulher de forma intensa na vida profissional visando o sucesso da sua carreira e a busca da estabilidade financeira; ou pelo início tardio a uma vida afetiva que desperte o desejo de ter filhos, seja pela dificuldade de encontrar um parceiro, seja pelo ingresso em um novo casamento.
Muitas mulheres acreditam que a ciência médica pode lutar contra a natureza e desfazer os efeitos do tempo - puro engano.
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, os homens também perdem a sua fertilidade, não com a mesma intensidade das mulheres, mas de uma forma mais lenta. Da mesma forma que as mulheres, notou-se nas últimas décadas um aumento de 20% de pais com idade superior a 35 anos. No Brasil e na Europa, neste mesmo período, mais homens entre 50 e 65 anos têm procurado os serviços médicos em medicina reprodutiva com o desejo de serem pais. Portanto, a perda da fertilidade um fato inexorável para homens e mulheres, mas pode ser administrado com cautela. Não fumar, manter o peso saudável e evitar DSTs, são algumas das maneiras de tentar prolongar a capacidade reprodutiva de ambos.
A perda da fertilidade da mulher no decorrer da idade é supostamente conhecida por todos e também já foi comentado no primeiro capítulo desse livro. Entretanto, para que o leitor não precise voltar às páginas iniciais faço um breve comentário: a menina na puberdade inicia as suas menstruações com cerca de 300 mil óvulos disponíveis nos seus ovários e a cada ciclo menstrual, para um óvulo que atinge a ovulação, mil são perdidos, fazendo que ao redor dos 50 anos dificilmente existam óvulos capazes de serem fecundados. Dessa forma mulher se torna praticamente incapaz de engravidar com os próprios óvulos. É o fim do estoque de óvulos disponíveis para serem fertilizados, o fim da "reserva ovariana".
Existem alguns exames que podem avaliar de maneira precisa o potencial reprodutivo da mulher. Eles não garantem a longevidade reprodutiva, mas dão uma idéia desta capacidade.
Fertilidade Relativa Mulher
A Reserva Ovariana é avaliada, fundamentalmente, pela dosagem sangüínea de quatro hormônios no 3º dia do ciclo menstrual: FSH, estradiol, inibina-B e hormônio anti-mulleriano além da ultra-sonografia no início do ciclo menstrual.
Até há pouco tempo pouco se falava ou se publicava a respeito da queda de fertilidade do homem com o passar da idade. O tema envelhecimento e incapacidade de ter filhos, abortamentos e malformações eram sempre ligados à mulher. Não havia referência aos homens. Entretanto, nos últimos tempos, vem aumentando relatos que comparam a fertilidade masculina no decorrer dos anos da vida.
Alguns estudos demonstram este declínio progressivo da fertilidade, comparando o tempo de demora para conseguir a gestação entre dois grupos de mulheres, com menos de 35 anos, casadas com homens de duas diferentes faixas etárias. Num grupo, mulheres casadas com homens entre 25 e 30 anos e num outro mulheres casadas com homens com mais de 50. As mulheres com maridos mais velhos demoraram mais para engravidar e as taxas de aborto foram maiores. Portanto estes dados comprovam que a gravidez é mais fácil em homens mais jovens.
A relação da idade do homem com a fertilidade envolve muitos fatores, entre eles, os hormônios sexuais, disfunção sexual, função testicular, alterações genéticas do sêmen e a fragmentação do DNA do espermatozóide. Destas as que são mais facilmente avaliadas, são as alterações da qualidade do sêmen e a fragmentação do DNA do espermatozóide.
O espermograma é o exame básico que avalia a fertilidade do homem. O estudo das alterações deste exame com a evolução da idade tem sido inconclusivos. Algumas publicações têm demonstrado diminuição de quase todos os parâmetros - concentração, volume, motilidade e morfológico, mas, outros contrariam estas afirmações. O IPGO estudou 479 homens com idade entre 25 e 65 anos (médias 37,6 dividindo em 4 grupos de acordo com a idade). Ao redor de 25% foram homens com idade superior a 40 anos. Conclui-se com este estudo que o volume e a motilidade diminuem com o aumento da idade (tabela 1) o que não ocorre com a concentração nem a morfologia.
Comparação de parâmetros que indicam a qualidade do sêmen de acordo com a idade | ||||
IDADE (ANOS) | Menor que 30 anos Grupo I |
30-40 anos Grupo II | 41-50 anos Grupo III | 50-51 anos em diante Grupo IV |
No de pacientes | 38 | 302 | 123 | 16 |
Volume ¯ | 3.3±1.5* | 3.2±1.7 | 2,7±1,4* | 2.5±1.6 |
Concentração | 46±4,9 | 49±5,2 | 47±5,4 | 54.6±6.1 |
Morfologia Kruger | 10±3 | 11±4 | 12±3 | 9±3 |
Motilidade ¯ | 56±18 | 52±17 | 46±18 | 21±12 |
Homens com um alto índice de fragmentação do DNA (maior que 30%) têm chances menores de gravidez tanto naturais como em tratamentos de Fertilização Assistida além de efeitos negativos na implantação e no desenvolvimento dos embriões. Embora as causas da fragmentação do DNA não sejam totalmente conhecidas, sabe-se que pode ser influenciada pelo cigarro, drogas, toxinas ambientais (dioxinas), intoxicação por doenças ocupacionais, varicocele, traumas testiculares e câncer, mas a fragmentação do DNA também aumenta com a idade. Alguns estudos demonstram que homens com idade superior a 50 apresentam um índice de fragmentação maior que os mais jovens (15% com menos de 30 anos e 34% para maiores de 50). As razões para estas alterações não estão esclarecidas, mas são constatações que demonstram a perda do potencial reprodutivo do sexo masculino com o passar da idade. O IPGO estudou 46 pacientes com idade entre 28 e 59 anos(média de 39,2 anos, dividindo em quatro grupos de acordo com a idade). Ao redor de 45,8% desses pacientes foram homens com idade superior a 40 anos. Concluiu-se com este estudo que o índice de fragmentação do DNA aumenta com o passar da idade, atingindo valores prejudiciais à fertilidade a partir dos 50 anos.
Comparação dos índices de fragmentação do DNA no decorrer da idade | ||||
Parâmetros idade | Menor que 30 anos Grupo I | Entre 31 e 40 anos Grupo II | Entre 41 e 50 anos Grupo III | Maior que 51 anos Grupo IV |
Número de pacientes | 05 | 10 | 15 | 06 |
Índice de fragmentação | 14 ± 1,0 |
19± 1,2 | 25± 1,3 | 33,8 ± 1,5 |
Fertilidade relativa masculina
O "relógio biológico da reprodução" não deve ser considerado um fato exclusivo da mulher e por isso, a idéia de apontar limitação da idade como um fenômeno só do sexo feminino representa, atualmente, uma das grandes injustiças da sociedade. Até há pouco tempo, a opinião dominante era: "culpe a mãe!" Entretanto os últimos estudos têm demonstrado que quanto mais velho for o pai, menor será a chance de gravidez. É tempo de reconsiderar!
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