Mudanças ambientais têm preocupado autoridades no mundo todo. Muitas delas têm sido causadas pela evolução tecnológica gerada pelo próprio homem e interferem no bem-estar das pessoas, agredindo vários órgãos do corpo humano e causando problemas de saúde. Existem alterações no meio ambiente que estão muito próximas de nós, no dia-a-dia (clique e veja tabela 1), e prejudicam a fertilidade dos casais, fato que tem sido demonstrado através de experiências laboratoriais realizadas em animais.
Embora muitos destes efeitos maléficos não sejam comprovados no ser humano, existem evidências que sugerem a interferência negativa destas substâncias na fertilidade. Com os dados até hoje obtidos, algumas conclusões podem ser tiradas, evitando, dentro do possível, o contato com estas toxinas. Esta tarefa preventiva, na maioria das vezes, é complicada e de difícil incorporação à rotina das pessoas, mas, estar ciente destes problemas, poderá ser útil e ainda exigirá algumas reflexões.
Tem-se observado nos últimos anos o aumento de casais que procuram os tratamentos de infertilidade. As justificativas para isto tem sido baseadas no avanço científico, aumento do conhecimento dos profissionais da saúde reprodutiva, divulgação destes problemas ao público leigo através dos meios de comunicação, desmistificação dos problemas de fertilidade do homem e o desejo da mulher em postergar a busca da maternidade para após os 35 anos, período este que se inicia a queda natural e progressiva da fertilidade.
Apesar dessas mudanças de comportamento, observa-se também um aumento absoluto das dificuldades dos casais em terem filhos. Há poucos anos, a US National Survey of Family Goowth realizou um levantamento sobre casais que tinham dificuldade de engravidar e, surpreendentemente, observou um aumento maior destes problemas em casais mais jovens com menos de 25 anos (42%). Comparado com um aumento de 12% em casais entre 25 e 34 anos e de 6% para casais entre 35 a 44 anos. Isto, segundo esta publicação, pode sugerir que as alterações ambientais nos últimos anos prejudicam mais estes casais jovens por terem sido expostos a estas substâncias tóxicas num período de vida mais precoce. São várias as substâncias (clique e veja tabela 1), mas, as mais conhecidas e discutidas, são as Dioxinas, Furanos e PCBs, além da gordura trans.
As dioxinas são representadas por substâncias como o Furano e PCBs e formam um grupo de compostos muito tóxicos ao ser humano. São produzidos na natureza principalmente pela queima de produtos orgânicos que contém cloro, na presença de pouco oxigênio(combustão).
A preocupação com as dioxinas teve início no passado quando muitos países da Europa e no Japão julgaram que a queima do lixo em incineradores era a solução perfeita para que se livrassem do lixo doméstico.
Descobriram depois que o resfriamento dos gases provenientes desta combustão liberavam estas substâncias que, ao se propagarem pela atmosfera, depositavam-se no meio aquático e no solo. Ao cairem nas pastagens passavam para os animais e para a água e, por serem pouco solúveis, acumulavam-se em sedimentos na natureza e em regiões do organismo dos seres vivos como por exemplo o tecido gorduroso. Outras situações confirmaram a preocupação por esta substância. Na Bélgica foram descobertos no leite da vaca e em galinhas que na época foram recolhidos do mercado pelo perigo que ofereciam. Na Itália, em Seveso, em 1976, uma nuvem destes produtos dizimou 50 mil animais. Em Portugal fatos semelhantes também ocorreram.
A dioxina de maior interesse e mais comum é a 2, 3, 7, 8-TCDD, tecnicamente chamada de Tetraclorodibenzo-p-dioxina que tem ação em vários sistemas do organismo e também responsável por doenças como: endometriose, infertilidade, aborto, câncer infantil, câncer do sistema reprodutor, fadiga crônica, diabetes, asma, deficiências do sistema imunológico e alterações do sistema endócrino. A cada dia aumenta o número de doenças que podem ter interferência do meio ambiente. As dioxinas são bastante estáveis e apresentam elevada persistência ambiental podendo permanecer sete anos nos seres vivos e 10 anos no solo.É colocada em segundo lugar entre substâncias tóxicas dispersas no ambiente logo após o consumo de pesticidas na agricultura e ultrapassando produtos químicos tóxicos como o ácido sulfúrico, amoníaco e benzeno.
A concentração de dioxina nos alimentos é medida pela unidade TEQ, que contém todas as variedades de dioxinas. TEQ=Toxico-EQivalentes
Um estudo pelo Jornal Americano de Nutrição Clínica realizado em Harvard, Boston, nos Estados Unidos, e coordenado pelo Dr. Chavarro e seus colaboradores, demonstrou que quanto mais gordura trans-saturada o ser humano consumir, maior será a chance de ter problemas de fertilidade.
Segundo esta publicação, para cada 2% de aumento na quantidade de calorias de gordura trans que uma mulher consome, no lugar de carboidratos, há um aumento de 73% no risco de infertilidade. Se a Omega-6 polinsaturada, a gordura mais saudável que ingerirmos, for substituída por gordura trans-saturada, a infertilidade aumenta para 79%.
A gordura trans-saturada está também relacionada com vários problemas de saúde como: níveis elevados de colesterol, doença cardíaca coronariana, obesidade e diabetes. É encontrada em óleos vegetais processados, comumente usados em margarinas, pizzas, bolachas, biscoitos, bolos, tortas e na maioria dos assados processados. Este tipo de gordura não tem nenhum benefício nutricional e pode ser substituída por outras mais saudáveis, pois o único objetivo para a sua utilização, é prolongar a vida dos alimentos nas prateleiras dos supermercados.
É muito difícil, praticamente impossível, evitar o contato com todas as substâncias do meio ambiente que podem prejudicar a fertilidade. Entretanto, o conhecimento deste prejuízo é importante, pois há medidas preventivas que podem evitar esse contato, mas não se deve, de forma alguma, levar os interessados a um comportamento neurótico e diferente daqueles que têm uma vida normal. O importante é fazer o melhor!
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